Ciclo de Conferências sobre Literacia Financeira


O projecto Life foi um dos temas da Conferência que, no passado dia 21 de Janeiro, abriu o ciclo que a Fundação Cupertino de Miranda está a promover sobre Literacia Financeira. Perante uma plateia constituída por alunos e professores de diversos estabelecimentos de ensino, o coordenador do projecto, professor Paulo Lima, defendeu a necessidade de integrar a educação financeira na escola pública portuguesa, assim se abrindo aos jovens oportunidades de realização de aprendizagens nesta área do saber e da cidadania.

Na mesma ocasião, a dra. Ana Passos, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Delegação Regional do Norte da DECO, desenvolveu o tema “O perfil do Sobreendividado”.

A próxima conferência, que se realizará no dia 25 de Março, subordinada ao tema «Mercado de Valores», contará com a presença de representantes da CMVM e do Banco de Portugal.

Conferência Internacional de Educação Financeira





A experiência e a actividade do projecto Life foram apresentadas aos participantes na Conferência Internacional de Educação Financeira, promovida pela Universidade de Aveiro e que teve lugar no dia 6 de Novembro de 2009.

A Conferência Internacional teve por objectivo fazer o ponto da situação e iniciar, no nosso país, a procura sistemática de respostas sobre Educação Financeira, através da discussão, de troca de ideias e experiências de instituições nacionais e estrangeiras.

O programa pode ser consultado
aqui.

Literacia financeira – responsabilidade da escola



Do conceito de literacia faz parte o domínio dos códigos e das ferramentas do mundo actual. O currículo escolar deve facultar aos indivíduos as condições necessárias à realização de escolhas e à tomada de decisões informadas e conscientes ao longo da vida. Nomeadamente, deverá proporcionar aos alunos oportunidades de aprendizagem que promovam o seu desenvolvimento enquanto:
- indivíduos
- membros da sociedade
- agentes com impacto sobre a economia e o ambiente.


A literacia financeira compreende três vertentes que poderão resumir-se da seguinte forma:
- Compreensão e conhecimentos financeiros – trata-se de ajudar os alunos a compreender os conceitos de dinheiro e riqueza; como se cria e como circula para fazer funcionar a economia.
- Competência financeira – trata-se de desenvolver o saber-fazer necessário a uma gestão eficiente do dinheiro, à identificação dos problemas conexos e à tomada de decisões competentes. A educação financeira é também um elemento essencial do empreendedorismo.
- Responsabilidade financeira – trata-se de avaliar e ponderar o impacto que o dinheiro e as decisões financeiras têm sobre os outros.

Educação financeira na escola? Porquê ?











A proposta de realizar educação financeira nas escolas portuguesas talvez requeira uma justificação. Apresentamo-la, de seguida, sob a forma de constatações, as mesmas que motivaram os professores que idealizaram o projecto:


1. A importância da literacia financeira tem vindo a crescer à medida que as pessoas são confrontadas, ao longo da sua vida, com a necessidade de tomar decisões financeiras cada vez mais complexas e determinantes. Estudos internacionais têm demonstrado a existência de um baixo grau de compreensão das questões financeiras por parte dos consumidores. A informação disponibilizada aos consumidores está concebida para consumidores médios e não para os de baixos níveis de literacia funcional, impedindo-os de tomar as decisões financeiras adequadas.


2. A flexibilidade do mercado de trabalho, a precariedade do emprego, as alterações do nível de vida, a crescente longevidade,... são muitos os factores com sérias implicações na forma como realizamos o planeamento financeiro. Razões acrescidas, de carácter estrutural ou conjuntural, fazem da literacia financeira uma ferramenta de empoderamento e uma importante competência de vida: a capacidade de tomar decisões financeiras fundamentadas é uma das chaves para melhor identificar e maximizar as oportunidades que surgem no mundo de hoje, em constante mudança.


3.Tem vindo a ser demonstrado, em diversos sistemas educativos, que muitos aspectos da literacia financeira de que os jovens necessitarão na vida adulta podem e devem ser adquiridos na escola.


4. Existe um preocupante contraste entre a importância da educação financeira e económica no quotidiano e as graves limitações que os actuais currículos escolares apresentam no que diz respeito à educação financeira da generalidade dos alunos. O panorama curricular actual reduz, praticamente, as oportunidades de realização de aprendizagens significativas nestas áreas aos alunos que optem pelo Curso de Ciências Socioeconómicas (tal opção só é efectuada a partir do 10º ano e, em muitas escolas, não é viabilizada pela oferta educativa; acresce que, mesmo nos alunos frequentadores desses cursos, existem diversos constrangimentos que favorecem um baixo nível de literacia financeira e económica).



5. O papel que caberia à escola desempenhar neste domínio da formação integral dos alunos não é suprido pela acção das famílias, de organismos públicos ou da sociedade civil. Com efeito, é muito insuficiente o número e a qualidade das acções de educação económica e financeira actualmente dirigidas às crianças e jovens em Portugal. A necessidade de programas de educação económica e financeira é diariamente confirmada por informações, análises e reflexões provenientes da sociedade civil (nomeadamente do mundo académico, do tecido empresarial e da comunicação social), mas também de órgãos do poder político. A título de exemplo, poderão citar-se as recomendações do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia quando chamam a atenção para a importância da educação financeira da juventude, como parte do conjunto de conhecimentos e aptidões indispensáveis à realização pessoal, inclusão social e cidadania activa.

Apresentação


O projecto « life – literacia financeira e económica, da escola para a vida » é um projecto educativo, idealizado por professores, que pretende contribuir para a construção da literacia financeira e económica dos alunos dos ensinos básico e secundário. Com este projecto e com os materiais a disponibilizar, pretendemos ajudar os professores a promover, com os seus alunos, uma educação financeira e económica elementar e impulsionar o processo de desenvolvimento contínuo de uma educação financeira ao longo da vida. Julgamos interpretar, assim, a responsabilidade da escola no desenvolvimento do currículo, considerando que o sistema de ensino não se finaliza em si próprio, mas antes existe para servir e promover a realização e formação integral do aluno.